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NRF 2019: O futuro do supermercado

Escrito por Gabriel Junqueira | 04/04/2019
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Tempo de leitura: 7 minutos

O futuro do supermercado não é mais tão imprevisível, e isso nós conseguimos ver na NRF.

A NRF Retail’s Big Show é uma das maiores e mais notáveis feiras de varejo e tecnologia do mundo. São quase 1.000 expositores com soluções inovadoras para o segmento, além de mais de 200 horas de palestras com executivos e especialistas dos maiores varejistas e provedores de soluções para o varejo.

A NRF respira tecnologia e inovação. Desde os gigantes da área de tecnologia e líderes de mercado como Google, SAP, Microsoft, Intel, SalesForce e IBM, há também uma área dedicada apenas a startups com seus projetos e produtos inovadores.

Nesse ambiente de tecnologia e varejo, somos impelidos a pensar sobre o futuro, de como toda essa tecnologia mudará o varejo. E a pergunta que vem à mente o tempo todo é: como será o varejo do futuro?

 

Neste artigo, vamos dar um foco especial para o trade supermercadista, com base nas soluções apresentadas e palestras realizadas.

Qual é o futuro do supermercado?

Se esta pergunta fosse feita há um ano, provavelmente comentaríamos os movimentos da gigante americana de e-commerce Amazon ao comprar a Whole Foods e o lançamento da loja conceito Amazon Go.

No entanto, em 2019, todos os olhares vão para o outro lado do planeta: a China. A grande promessa e novidade, presente tanto na feira com estande e em palestras com seus executivos, são as lojas da gigante chinesa Alibaba, chamadas de Freshippo.

Para quem não conhece o Alibaba, a empresa é uma espécie de Amazon chinesa, um marketplace que domina o e-commerce chinês, que inclusive é maior que o americano.

O Novo Varejo

Yi Hou, vice-presidente do grupo Alibaba e CEO da Freshippo, iniciou sua palestra, uma das primeiras do evento, com as seguintes perguntas: Quem do auditório faz compra de supermercado? A grande maioria levantou as mãos.

Em seguida perguntou: Dos que fazem compras em supermercados, quem curte essa experiência? Praticamente todos abaixaram as mãos.

Assim, Yi Hou começou sua palestra, mostrando que há algo de errado no modelo dos supermercados atuais.

A proposta da Freshippo para mudar esse cenário é a introdução de um conceito chamado de Novo Varejo (New Retail). Basicamente o Novo Varejo é alicerçado em três conceitos: a fusão entre o online e o offline, a loja física como centro de distribuição e, por fim, a integração de restaurante ao supermercado.

Confira este artigo que apresenta os 7 principais assuntos abordados na NRF2019.

O futuro do supermercado NRF
Foto: Arquivo pessoal

 

Talvez a melhor maneira para se visualizar esses três conceitos é assistir a vídeos feitos dentro dessas lojas. Abaixo o link do vídeo, que o próprio Yi Hou reproduziu em sua apresentação (legendas apenas em inglês):

 

1. Online e Offline

Toda a experiência e jornada do cliente na loja é integrada com o aplicativo mobile da empresa. Dentre as funcionalidades mais utilizadas, está a busca por informações complementares sobre o produto exposto na gôndola, desde aplicações do produto até receitas e origem.

Em linha com a tendência de sustentabilidade, cada vez mais valorizada pelos clientes, são disponibilizadas informações da origem do produto, com fotos e localizações.

O cliente consegue ver de qual fazenda é produzida a verdura que está consumindo. Confira a imagem abaixo:

O futuro do supermercado NRF
Foto: Arquivo pessoal

 

Outro uso do aplicativo é a composição de uma lista de compras online com entrega dos produtos em domicílio. Mas isso só é possível por causa do segundo conceito do novo varejo.

2. Centro de Distribuição e Loja

A loja se torna, também, um centro de distribuição. No vídeo foi possível notar que existe uma estrutura no teto da loja com trilhos e sacolas. Os funcionários da loja realizam a separação dos produtos, colocam nas sacolas, que são levadas para a expedição, onde rapidamente um motoboy pega a caixa e sai para realizar a entrega.

Resultado: em um raio de até 3 kms, a empresa promete um prazo de entrega de até 30 minutos. Inacreditável!

Outro dado incrível é: enquanto a média de venda online dos supermercados no mundo fica próximo a 3% das vendas totais, na Freshippo, com cem lojas na China, elas chegam a impressionantes 60% do faturamento total da loja.

3. Supermercado e Restaurante

O terceiro conceito é a integração do restaurante ao supermercado. Como uma das principais propostas da Freshippo são os produtos frescos, o cliente tem uma série de opções para consumir na loja.

Neste assunto, vamos fazer um paralelo com outras palestras, que tiveram tudo a ver.

No segundo dia do congresso, tive a oportunidade de participar da palestra “Preparando para o futuro do varejo de alimentos: o que os empresários precisam fazer”. Os palestrantes eram Greg Girard, diretor da IDC Retail Insights, renomada consultoria de inteligência de mercado, e Steve Hasen, diretor da Precima, empresa de tecnologia focada em análise do consumidor.

Na ocasião, foram apresentados alguns dados interessantes relativos à tendência de consumo fora de casa e como os supermercados podem aproveitar essa oportunidade.

O futuro do supermercado NRF
Foto: Arquivo pessoal

 

Uma tendência que está muito forte nos Estados Unidos, ainda incipiente aqui no Brasil, são os Meal Kits (kits de comida).

Existem basicamente dois tipos: os kits de comidas já preparadas, que basta esquentar para consumí-los e os kits de ingredientes, que o consumidor os utiliza, com o apoio de uma receita, para produzir sua refeição.

Ou seja, além do consumo ou a compra de alimentos pré-preparados na própria loja, estão crescendo os kits para o próprio consumidor finalizar sua comida em casa, no entanto, com uma conveniência maior.

O slide abaixo mostra informações, que confirmam a mudança do comportamento do consumidor:

O futuro do supermercado NRF
Foto: Arquivo pessoal

 

Traduzindo, 61% dos consumidores preferem a experiência de consumir fora de casa do que comprar produtos na loja; 39% dos adultos querem comer em restaurantes com maior frequência; 73% dos varejistas dizem que a tecnologia melhora a experiência dos seus consumidores.

Por fim, nos Estados Unidos em 2017, os restaurante aumentaram sua receita em 5,3%, um indicador muito acima do crescimento dos outros setores da economia.

Os dados econômicos confirmam essa tendência (abaixo os números do mercado total de alimentos dos Estados Unidos). De 1991 até 2014, o consumo de comida fora de casa teve o dobro de crescimento em relação à compra de comida no varejo.

O futuro do supermercado NRF
Foto: Arquivo pessoal Legenda: em azul “Retail Stores Purchases” (compras em lojas de varejo); em laranja “Other foods at home” (outras comidas em casa); em roxo “Outside of home non-retail store” (fora de casa em estabelecimentos não varejistas – no caso restaurantes).

 

Portanto, você supermercadista, que está pensando em expandir seu negócio, avalie a possibilidade de aumentar o mix de alimentos pré-preparados e oferecer opções de consumo dos produtos dentro da sua loja, tais como padaria, confeitaria, comida japonesa, salada, pizza, carnes, etc.

Programas de Fidelidade

Outra grande força no segmento supermercadista são os investimentos em estratégias de fidelidade com seus programas específicos.

A razão é simples, o mercado está cada vez mais competitivo, portanto, as empresas que contam com métodos e técnicas para conquistar novos consumidores, reter e fidelizar os atuais e recuperar os perdidos, têm uma grande vantagem competitiva.

O varejista precisa enxergar que a concorrência aumentou muito com o advento de novas tecnologias.

Atualmente os varejistas não concorrem apenas entre si, mas também com lojas virtuais (e-commerce) e todos os seus formatos de vendas: s-commerce, m-commerce, c-commerce, t-commerce…

Já escrevemos um artigo dedicado a esse assunto, dado sua importância para o futuro dos supermercadistas. Dentre os principais insights sobre o tema, estão:

  1. Não adianta ter programa de fidelidade se o básico não está sendo bem feito;
  2. Deslealdade é uma tendência;
  3. Compartilhe dados dos seus clientes com outras empresas;
  4. Busque ofertas recorrentes;
  5. Foco na estratégia de lealdade dos seus clientes, não no programa de fidelidade.

Clique aqui e confira o artigo na íntegra.

Tendências futuristas, smart homes

Se o tema é o supermercado do futuro, podemos sair um pouco fora da caixa e pensar em inovações disruptivas.

Uma palestra interessante foi “Como o varejo de alimentos vai se parecer em 2030”, ministrada por Carl Boutet, da CloudRaker, e David Marcotte, da Kantar Consulting, que apresentaram um estudo encomendado pela Coca Cola vislumbrando o varejo em 2030.

Eles enxergam que com o advento das smart homes (casas inteligentes), a dinâmica de consumo vai mudar com intensidade.

Teremos um novo agente, a casa, que participará ativamente das decisões de compra, controlará o estoque de produtos das geladeiras e despensa, e realizará as compras básicas de maneira automática. O consumidor visitará a loja para conhecer novos produtos e ter experiências.

Por mais que os assuntos ainda sejam do futuro, talvez não estejam tão distantes assim. Várias das tecnologias mencionadas já estão disponíveis no mercado atualmente. No artigo “O Varejo está Morto? Conheça as 5 tecnologias que podem fechar sua loja” apresentamos algumas dessas tecnologias, que já estão mudando o varejo. Vale a pena conferir!

Conclusão

É fato comprovado que a experiência de compra em supermercados é um dos processos mais críticos do varejo. Talvez por isso, o segmento supermercadista seja um daqueles com menor penetração de vendas online em todo o mundo.

Enquanto em alguns segmentos do varejo as vendas online correspondem a mais da metade das vendas totais, o varejo supermercadista mantém uma taxa média menor que 5%.

Não é uma questão de perguntar “se” as vendas online aumentarão, mas “quando” aumentarão. O consumidor está cada vez mais online, não faz sentido pensar que apenas no segmento supermercadista continuaremos a comprar da mesma forma de sempre.

Por isso, imaginar como será o futuro pode ser um bom exercício de reflexão sobre ações e investimentos no varejo atual.

Para o supermercadista, é importante ficar atento a essas tendências e sobre o que os líderes do mercado estão discutindo e pensando. Mas, o mais importante é o olhar para o  futuro, sem perder o foco no presente.

Sempre reforçamos no InfoVarejo que o segmento precisa de tecnologia e inovação, mas antes, precisa fazer o básico bem feito. Sem o básico bem feito, não adianta ter a melhor ideia ou inovação para seu cliente, pois não vai funcionar.

Não adianta ter o melhor aplicativo mobile, se o cliente fizer um pedido e o produto estiver indisponível. Assim, é inútil a loja ter um ótimo restaurante, se os produtos do hortifruti não estão frescos e com qualidade.

Não adianta um ótimo site, com ofertas personalizadas para seus clientes, se quando ele visita a loja, recebe um atendimento ruim e despreparado pelos seus funcionários.

Gostou do artigo? Compartilhe com seus contatos e ajude a levar informações para todos no varejo.

Caso ainda tenha dúvidas ou sugestões, mande para nós no Fórum InfoVarejo!

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